Fernanda Irene Fonseca |
Deixis e pragmática linguística
" Gradualmente se vio (como nosotros)
Aprisionado en esta red sonora
De Antes Después, Ayer, Mientras, Ahora,
Derecha, Isquierda, Yo, Tú, Aquello, Otros."
Jorge Luís Borges, Obra Poética
1. "Apontar": do fazer ao dizerPelo seu sentido etimológico, o termo deixis está relacionado com o gesto de apontar: um gesto, um fazer, que, pressupondo uma situação de comunicação face a face e uma intencionalidade significativa comum a dois sujeitos, se situa a meio caminho do dizer. Prefigurando o carácter corporal e individual do dizer (a voz, tal como o gesto, parte de um corpo e prolonga-o), o gesto de apontar patenteia a inseparabilidade entre fazer e dizer que, num sentido mais amplo, é posta em relevo pela Pragmática. Para além disso, sendo a forma de activação semântica de elementos presentes em contextos compartilhados pelos participantes num acto verbal, a deixis constitui o modo como está gramaticalizada a inseparabilidade entre a linguagem e o contexto.
A existência, na estrutura formal das línguas, de um grande número de termos com função deíctica, formando um conjunto que Benveniste designou como "dispositivo formal da enunciação" (Benveniste, 1974), atesta, segundo o mesmo linguista (1966, passim), a inscrição do homem (do sujeito) na língua e a génese interaccional da linguagem: o sistema formal das línguas não precede o uso, antes é um resultado desse uso, como acentua Lyons quando afirma, justamente a propósito do funcionamento dos deícticos: "Há muita coisa na estrutura das línguas que só pode ser explicada se assumirmos que elas se constituíram para a comunicação em situações de interacção face a face." (Lyons, 1977: 637).
2. Evolução do conceito de deixis
Apesar de ter sido aplicada à descrição das línguas desde a Antiguidade (como termo metalinguístico, deixis foi usado, pela primeira vez, pelos gramáticos gregos), só muito mais tarde a noção de deixis passou a ocupar o lugar que hoje lhe é atribuído na teorização linguística.
Numa primeira acepção — próxima do seu sentido etimológico — deixis tem o sentido de indigitação, mostração; usado no âmbito da descrição gramatical, o termo refere uma mostração de carácter verbal, o "gesto verbal" de apontar, chamando a atenção, por exemplo, para um elemento do contexto evidente pela sua proximidade:
(1) "Quero este."
Foi esta a noção de deixis que ficou consagrada na gramática tradicional como definição dos demonstrativos (tradução latina do termo grego que prevaleceu na terminologia gramatical).
Com Karl Bühler, o primeiro teorizador da linguagem a atribuir ao fenómeno da deixis uma importância central no funcionamento da linguagem verbal (ver Bühler, 1934), começa a processar-se um significativo alargamento teórico deste conceito. Bühler explicita duas implicações teoricamente muito fecundas do conceito de mostração verbal: a de campo mostrativo e a de marco de referência egocêntrico. A mostração verbal de um objecto, que ficou exemplificada em (1), corresponde à localização desse objecto no interior de um campo mostrativo que se desenha à volta de um "centro" ("origo", na expressão de Bühler) constituído pelo sujeito falante e pelas suas coordenadas espacio-temporais ("ego-hic-nunc"). Um campo mostrativo, note-se, que não é de natureza física mas linguística, uma vez que só pode gerar-se a partir de um acto de fala. Bühler analisa a reprodutividade, na linguagem verbal, desta noção de campo mostrativo considerando que, para além do campo mostrativo situacional são também utilizados, na linguagem verbal, um campo mostrativo textual e um campo mostrativo imaginário.
De um conceito mais restrito de deixis como mostração vai-se passando a um outro, mais amplo, de deixis como referenciação: "Para que a deixis funcione [...] é imprescindível que exista um termo ou ponto de referência [...]: esse termo ou baliza referencial é a pessoa do próprio sujeito que fala, no momento em que fala e em que, apontando ou chamando a atenção para si próprio, se designa como EU." (Carvalho, 1973: 664-665.) Como aqui evidencia Herculano de Carvalho — que foi o introdutor, na terminologia metalinguística portuguesa, dos termos deixis e deíctico (Carvalho, 1967) — a mostração verbal de algo é sempre, antes de mais, a mostração verbal do sujeito realizada pelo próprio sujeito. A deixis alarga-se, assim, à noção, fundamental, de sui-referencialidade da enunciação.
3. Deixis, subjectividade e intersubjectividade
A primeira e mais básica das condições experienciais que locutor e interlocutor compartilham é o próprio facto de o serem: assumindo, ao falar, o estatuto de participantes num acto verbal — estatuto designado pelos deícticos EU e TU —, instituem-se a si próprios como centro de um sistema de coordenadas espacio-temporais geradoras da possibilidade de referência. É a partir desse sistema de coordenadas — o EU/TU-AQUI-AGORA da enunciação — que se realizam as operações de referenciação que tornam possível a significação e que constituem a base do funcionamento da deixis.
(2) Deixo-te aqui o trabalho para hoje; volto já.
Quase todos os termos usados em (2) são deícticos: apontam para elementos da situação de enunciação — os participantes do acto verbal, o lugar e o momento do tempo em que eles se situam — e a sua interpretação exige, portanto, o conhecimento compartilhado dessa situação, conhecimento que é constitutivo do complexo de relações que se instituem no e pelo acto verbal. Na ausência desse conhecimento compartilhado, a eficácia comunicativa é gorada, como prova a inoperância da seguinte "palavra de ordem" que durante muito tempo se podia ler numa parede do Porto:
(3) "Hoje, todos à Praça Humberto Delgado!"
O funcionamento dos deícticos ilustra a dependência contextual das línguas no seu grau mais liminar, isto é, ao nível da incorporação e utilização siginificativa, pela linguagem, das próprias circunstâncias criadas pela realização de um acto verbal. Daqui resulta, como característica definidora dos deícticos, a sui-referencialidade: são signos que adquirem significação mediante a referência à sua própria enunciação: "EU" significa "quem diz "EU", no momento em que o diz".
Esta capacidade inerente à condição de todo o falante de, ao dizer "EU", instituir a sua própria existência, a de um "TU" e a da linguagem, que Benveniste designa como subjectividade (Benveniste, 1966: 260), coincide com a capacidade de processar a ancoragem enunciativa (referenciação às coordenadas da enunciação) que é uma operação cognitiva fundamental. Uma referenciação que costuma ser designada como egocêntrica, o que esquece a inseparabilidade EU/TU no centro da instância enunciativa: ao instituir a possibilidade de uma referenciação centrada no acto de enunciação, a subjectividade implica necessariamente a intersubjectividade, indispensável à efectivação da comunicação e à possibilidade de referência. Os deícticos EU/TU representam justamente a inscrição, na estrutura formal da língua, da sua natureza dialógica (ver Fonseca, J., 1994: 66 e segs.).
As línguas naturais dispõem também, e complementarmente, de recursos formais para indicar que o marco de referência espacio-temporal não é coincidente com o EU/TU-AQUI-AGORA da enunciação. Em oposições como aqui/lá, agora/então, hoje/nesse dia, ontem/na véspera, estive/estava, o traço distintivo é o tipo de marco de referência: os primeiros termos pressupõem como marco de referência as coordenadas-zero da enunciação, os segundos um marco de referência alternativo, transposto para uma situação diferente da situação de enunciação. Essa projecção das coordenadas referenciais é uma operação condicionante da possibilidade de referência a mundos alternativos.
4. Tipologias da deixis
Para além dos demonstrativos, tradicionalmente descritos como deícticos, têm também função deíctica os pronomes pessoais, os possessivos, os artigos, os advérbios de lugar e de tempo, os tempos verbais e ainda alguns lexemas. Para a caracterização e classificação das várias categorias deícticas são utilizadas tipologias da deixis. A tipologia a seguir apresentada toma em conta, por um lado, qual o tipo de contexto compartilhado que viabiliza a mostração e, por outro, qual a componente do contexto que é activada semanticamente pela utilização dos deícticos.
Quanto ao primeiro aspecto, continua a ser pertinente distinguir, com Bühler (1934), três modalidades de deixis: deixis indicial, deixis textual deixis transposta (na terminologia bühleriana, "deixis ad oculos", "anáfora" e "deixis em fantasma", respectivamente).
No caso da deixis indicial, o contexto compartilhado é a situação (situação de enunciação); a possibilidade de mostração assenta, aqui, numa evidência deíctica, quer dizer, na presença, no contexto situacional, daquilo para que se aponta:
(4) "Sou eu o pai deste menino."
Também se designa esta modalidade de deixis como exofórica, o que não é totalmente correcto já que o contexto situacional, sendo constituído a partir de um acto verbal, não é exterior à linguagem.
Os deícticos podem desempenhar também uma função de referenciação endofórica ao apontar para os segmentos discursivos que precedem ou seguem o signo deíctico no todo textual em que está integrado — deixis textual (ou discursiva):
(5) "Tu não sabes o que queres e isso é o verdadeiro problema."
O campo perceptivo comum é, neste caso, o contexto verbal (co-texto), acessível porque presente na memória imediata dos interlocutores. Neste espaço textual, a função mostrativa dos deícticos realiza-se como anáfora ou como catáfora, conforme remetem para uma pré-informação ou para uma pós-informação. Na deixis textual é utilizada significativamente a dimensão espacial do texto, dimensão inerente ao carácter temporalmente extenso e linear da linguagem verbal que, no caso do texto escrito, se concretiza como dimensão espacial concreta (linhas, páginas, capítulos, etc.). A deixis textual desempenha um papel fundamental na construção do texto, sendo o uso dos deícticos uma das marcas formais da coesão textual. É fundamental, nesta perspectiva, a análise de Weinrich (1971) sobre a função textual dos artigos (definido ou anafórico e indefinido ou catafórico).
No caso da deixis transposta (ou projectada) não há qualquer evidência real que viabilize o acto de mostrar; a sua possibilidade assenta numa "evidência mental" compartilhada por locutor e interlocutor: utilizando dados presentes na sua memória (mediata ou "a longo prazo") e que supõe serem constitutivos da memória comum que compartilha com o interlocutor, o locutor reproduz ou constrói (imagina) uma determinada situação distinta daquela em que estão inseridos, propondo ao interlocutor uma transposição para essa situação imaginada. O contexto compartilhado que é utilizado, neste caso, é a memória comum:
(6) "Na Rotunda da Boavista, estás a ver aquela casa verde, à direita, depois de saíres do Correio? É aí."
Este exemplo de um caso muito simples de deixis transposta ilustra o processo de constituição de um campo mostrativo imaginado, um campo mostrativo que é induzido pelo próprio acto de mostração: em (6) a mostração realiza-se num espaço evocado mentalmente pelo locutor supondo (ou sabendo) que o interlocutor conhece o lugar em questão e que pode também "transpôr-se" mentalmente para lá. Trata-se de uma mostração "in absentia", logo, de uma mostração fictiva; sendo o acto de mostração que induz a evocação de um campo perceptivo, esta modalidade de deixis ilustra a possibilidade de criação, pela linguagem (na narração, nomeadamente) do seu próprio contexto referencial (ver Fonseca, F. I., 1992).
Quanto à componente do contexto que é activada semanticamente pela utilização dos deícticos, distinguem-se, fundamentalmente, os três tipos clássicos de deixis: pessoal, espacial e temporal ligados, respectivamente, a cada um dos pólos da tríade que perfaz as coordenadas enunciativas — EU/TU-AQUI-AGORA. Será de acrescentar um quarto tipo — deixis circunstancial (também designada como nocional ou modal), relativa à possibilidade de activação semântica de outros elementos do contexto que pode ser efectuada mediante o uso do deíctico genérico ASSIM (ver Lopes, 1985: 91).
A deixis pessoal refere a função dos signos deícticos que indiciam o estatuto de participante num acto verbal. Os pronomes pessoais EU e TU atribuem o estatuto de participante, ELE o de não-participante. É neste sentido que Benveniste opõe as categorias de pessoa (EU-TU) e não-pessoa (ELE) (Benveniste, 1966). A deixis pessoal constitui o cerne do que Benveniste designa como subjectividade da linguagem, usando o termo num sentido técnico que não se pode confundir com o sentido corrente da palavra: "EU" e "TU" não têm como referente a individualidade de alguém, mas apenas o seu estatuto de participante num acto verbal. É o desconhecimento desta particularidade do sistema linguístico que ressalta numa engraçada história ilustrada em que dialogam dois miúdos de pouca idade (um tapando os olhos ao outro):
(7) — Adivinha quem sou eu.
— És tu.
— Não vale. Espreitaste!
Para além dos pronomes pessoais relevam também da deixis pessoal os possessivos, a flexão verbal e os vocativos. Podem ainda associar-se a este tipo de deixis certas formas de referência aos participantes do acto de enunciação, nomeadamente através das formas de tratamento (você, o senhor, vossa excelência, etc.), que Fillmore incluiu no que designou como deixis social e que indiciam a relação hierárquica que se estabelece entre os participantes de um acto de enunciação. De um modo geral, pode afirmar-se que a deixis pessoal está presente em todas as outras formas de deixis, já que todas implicam uma referenciação relativa aos participantes num acto de enunciação.
A deixis espacial ou local gramaticaliza a noção deíctica de localização no espaço relativamente ao AQUI enunciativo. São deícticos espaciais os demonstrativos, os advérbios de lugar e ainda alguns lexemas (verbos de movimento, por exemplo, como ir, vir, trazer, levar) que incluem um sema de direcção relativamente ao AQUI. Os deícticos espaciais gramaticalizam a relação de proximidade maior ou menor relativamente ao lugar ocupado pelo locutor:
(8) Esta mesa é mais larga do que aquela: fica melhor aqui do que ali.
Em Português, quer no paradigma dos demonstrativos quer no dos advérbios de lugar, há uma terceira forma — esse (isso), aí — que indicia a proximidade relativa ao interlocutor.
Embora o espaço, por ser a dimensão mais concreta, esteja na base do conceito de localização inerente à deixis, não é aceitável o ponto de vista, muito corrente, segundo o qual a deixis espacial é a forma primária de deixis, dela derivando todas as outras; como vimos, essa forma básica é a deixis pessoal, pois a localização é feita relativamente à posição ocupada pelos falantes. O espaço em que se realiza a mostração, mesmo no caso mais concreto da deixis espacial, não pré-existe ao acto de enunciação, é determinado por ele.
A deixis temporal diz respeito à utilização do momento da enunciação (AGORA) como marco de referência para a localização temporal. O tempo, tal como o concebemos através da linguagem, é de natureza deíctica: presente, passado e futuro não são noções absolutas, são relativas ao momento de enunciação. A interpretação semântica de advérbios temporais como hoje, ontem, amanhã, ou de tempos verbais como estou, estive, estarei, pressupõe uma prévia identificação pragmática do momento de enunciação (cf.(2)). Se
(9) As dietas começam sempre amanhã.
significa que "não começam nunca", isso decorre justamente da sui-referencialidade deíctica: a significação temporal de amanhã é calculada a partir da referência ao "momento em que se diz amanhã". É imprescindível tomar em conta a função deíctica dos tempos verbais — que se realiza quer como referência ao AGORA enunciativo quer como deixis temporal transposta (referência a um marco temporal alternativo) — para uma adequada descrição-explicação da estrutura do sistema verbal (ver Fonseca, F. I., 1992). Outros componentes da situação de enunciação, para além dos participantes e suas coordenadas espacio-temporais, podem ser indigitados mediante o uso do deíctico plurivalente ASSIM — deixis circunstancial. Qualquer circunstância evidente nos contextos compartilhados pelos falantes pode ser incorporada no enunciado:
(10) Não deves pensar assim.
(11) Para a massa ficar leve, é preciso amassá-la assim.
A consideração deste tipo de deixis permite alargar num sentido radicalmente pragmático a noção de coordenadas de enunciação (EU/TU-AQUI-AGORA-ASSIM) definíveis como "as coordenadas espacio-temporais não apenas de um dizer, mas do fazer inerente ao dizer" (Lopes, 1985: 91).
5. Deixis e produtividade referencial
Procurando construir uma teoria contextual e inferencial da significação, a pragmática estuda basicamente a complementaridade e interacção entre a linguagem e o contexto, evidenciando que faz parte integrante da competência linguística do falante saber usar a língua para dar e receber instruções relativas à forma de referenciar as produções verbais às suas condições de enunciação. Tem sido posto em relevo que essa capacidade é inferencial (cf. Sperber e Wilson, 1986), isto é, implica ser capaz não só de integrar as produções verbais em contextos mas também de jogar com esses contextos no sentido de deduzir significações novas. Com efeito, a simples observação da actividade verbal em que estamos inseridos coloca-nos perante a evidência de que, ao usar a linguagem, conseguimos significar muito mais do que aquilo que efectivamente dizemos. A obtenção dessa "mais-valia" semântica resulta da conjugação produtiva, que se processa na comunicação verbal, entre o explícito e o implícito: os sinais linguísticos que explicitamente codificarmos têm em grande parte como função indiciar, activando-os semanticamente, um amplo conjunto de dados implícitos constitutivos de um acervo experiencial e cultural compartilhado pelos intervenientes num acto verbal.
Num sentido muito amplo podemos designar essa função como deíctica e definir globalmente a deixis como um processo de indiciação e incorporação significativa, pela linguagem verbal, de elementos acessíveis pela sua proximidade e/ou pela sua evidência, nos contextos compartilhados pelo locutor e interlocutor. A deixis constitui, assim, o modo como está gramaticalizada, nas línguas naturais, a dependência entre a linguagem e o contexto. É preciso não esquecer que essa dependência é mútua, bilateral: se a linguagem é dependente do contexto, o contexto é também dependente da linguagem.
Uma perspectiva pragmática permite dar uma explicação mais poderosa que as explicações de tipo estrutural para a economia e produtividade da linguagem, sistema finito cujas possibilidades infinitas não decorrem apenas, nem predominantemente da recorrência e flexibilidade combinatória a dois níveis conhecida como dupla articulação: decorrem sobretudo da possibilidade de articulação inferencial entre a linguagem e o contexto que engloba a própria criação do contexto pela linguagem. Daí que um sugestivo desenvolvimento da perspectiva pragmática seja a articulação do estudo da deixis com o da produtividade referencial da linguagem, com a ficção (ver Fonseca, F.I., 1990 (1)): um campo de estudo que cruza transversalmente os domínios da Linguística, da Filosofia da Linguagem e da Teoria Literária.
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(1) Também em FONSECA, 1994:87-103.
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Fernanda Irene Fonseca (1996). "Deixis e pragmática linguística", in Introdução à Linguística Geral e Portuguesa, Org. de Isabel Hub Faria, Emília Ribeiro Pedro, Inês Duarte, Carlos A.M.Gouveia, Ed. Caminho, Lisboa,(pp.437-445).
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