Funcionamento da Língua
Novos domínios

Fátima Oliveira (2006).  “Sobre a Semântica Lexical e Semântica Frásica na Terminologia para os Ensinos Básico e Secundário”,
Terminologia Linguística: das teorias às práticas, Actas do Encontro. Porto: FLUP,  pp.59-60.


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Esta terminologia pretende, por um lado, ultrapassar uma grande desactualização científica que a nomenclatura anterior manifestava e, por outro, introduzir conceitos que, sendo essenciais para o estudo de uma língua, não eram sequer considerados. Quer isto dizer que estes novos termos podem contribuir para uma melhor compreensão de alguns aspectos linguísticos com os quais os docentes se debatem e para os quais têm alguma dificuldade em encontrar maneiras adequadas de descrição. Penso estarem nesta situação conceitos introduzidos em subdomínios como, por exemplo, Semântica Frásica, Pragmática e Linguística Textual e também Fonologia. Acresce que, não havendo, quer para estes novos conceitos quer para os mais conhecidos, uma terminologia que de algum modo servisse de instrumento de trabalho, isso permitia uma proliferação de termos e por vezes de conceitos que aumentavam a ambiguidade , as indecisões e sobretudo a falta do rigor que deve ser exigido quando se trata de adquirir um conhecimento explícito de uma língua.

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Cada vez mais se fala na sociedade portuguesa sobre a pouca cultura científica dos portugueses e como isso pode ter consequências nas suas vidas e na compreensão do mundo. Ora, o ensino da gramática pode também contribuir significativamente para essa cultura, se o entendermos como uma actividade  de procura e de descoberta em que podem aplicar-se alguns métodos tipicamente associados à investigação científica como sejam a observação de dados, a detecção de regularidades, a formulação de algumas generalizações ou até a possibilidade de as testar relativamente a dados novos. Quer isto dizer que a língua pode ser estudada de modo objectivo na medida em que se conseguir ultrapassar o conhecimento intuitivo dos falantes e se adquirir um conhecimento reflexivo e estruturado. Tal atitude apresenta algumas vantagens não só pelo poder formativo que encerra como também por permitir ultrapassar uma memorização  sem compreensão que, como se sabe, apresenta efeitos negativos a curto prazo e, sobretudo, a longo prazo, pela falta de capacidade em reagir perante o que é novo.
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