TLEBS
B7. Pragmática e linguística textual

Processos interpretativos inferenciais:pressuposição e implicatura conversacional

Exercícios para treino

Provas de acesso ao ensino superior (1994-1995): alguns itens seleccionados

1. O texto de (1) exprime um raciocínio em que a segunda frase é concluída a partir da primeira. Tal raciocínio é, porém, inválido, em virtude da presença do adjectivo falso.

(1) A polícia utilizou um falso traficante para desmontar a rede. Logo, a polícia utilizou um traficante para desmontar a rede.

Diga se os textos obtidos a partir de (1) substituindo o adjectivo falso pelos adjectivos famoso, alegado, asiático, presumível e perigoso (antes ou depois do substantivo traficantes, conforme for mais indicado) são válidos ou inválidos enquanto raciocínios. Basta escrever os cinco adjectivos e, à frente de cada um, a indicação "válido" ou "inválido".

2. Assuma que as frases (2) e (3) são verdadeiras. Diga se alguma das frases (4) a (5) pode ser extraída como conclusão de (2) e (3) tomadas conjuntamente.

(2)Todos os ecologistas são saudáveis.

(3) Nem todos os vegetarianos são saudáveis.

(4) Nem todos os vegetarianos são ecologistas.

(5) Nem todos os ecologistas são vegetarianos.

3. Assuma que as frases (6) e (7) são verdadeiras. Diga se alguma das frases (8) a (9) pode ser extraída como conclusão de (6) e (7) tomadas conjuntamente.

(6) Nenhum bom estudante de Português é leitor de jornais sensacionalistas.

(7) Todos os bons estudantes de Português são admiradores de Eça de Queirós.

(8) Nenhum admirador de Eça de Queirós é leitor de jornais sensacionalistas.

(9) Nem todos os admiradores de Eça de Queirós são leitores de jornais sensacionalistas.

4. Duas e apenas duas das frases que se seguem pressupõem que alguém estava no aeroporto, à espera de um indivíduo de nome Luís. Transcreva essas duas frases para a folha de prova.

(10) O Luís ficou surpreendido por ninguém estar à espera dele no aeroporto.

(11) O Luís ficou surpreendido por não estar ninguém à espera dele no aeroporto.

(12) O Luís não ficou surpreendido por ninguém estará espera dele no aeroporto.

(13) O Luís não ficou surpreendido por não estar ninguém à espera dele no aeroporto.

(14) O Luís ficou surpreendido por estar alguém à espera dele no aeroporto.

(15) O Luís ficou surpreendido por não estar alguém à espera dele no aeroporto.

(16) O Luís não ficou surpreendido por estar alguém à espera dele no aeroporto.

5. Analise as duas frases que se seguem e diga se a segunda pode ser concluída a partir da primeira.

(17) Mais de dois terços dos estudantes de Faro praticam natação.

(18) Mais de dois terços dos praticantes de natação de Faro são estudantes.

 

Pressuposição: Processo inferencial atinente a toda a troca verbal que consiste na dedução, a partir do enunciado, de informação não explicitada, sendo que a relação entre o que se explicita e o que se pressupõe é sempre de natureza semântico-pragmática. Assim, subjacente ao enunciado "O marido da Ana está desempregado"[1] há a indicação de que "A Ana é casada" [A] que o interlocutor reconhece a partir do significado de "marido de" (uma outra pessuposição possível seria "O marido da Ana perdeu o emprego"). O conteúdo pressuposto é facilmente testado: mantém-se inalterado quando se procede à transformação da afirmativa numa construção negativa [1a], interrogativa [1b] ou condicional [1c].
Também se utiliza o termo "pressuposição " para designar as condições que devem estar preenchidas para que um acto ilocutório seja eficazmente realizado.[1] O marido da Ana está desempregado.
[1a] O marido da Ana não está desempregado.
[1b] O marido da Ana está desempregado?
[1c] Se o marido da Ana está desempregado, pode ajudar o sogro a arranjar o telhado.

[A] A Ana é casada. - pressuposto de [1] [1a], [1b] e [1c].

Texto extraído da TLEBS (Base de dados)


Implicatura conversacional

Informação obtida por inferência a partir do conteúdo do enunciado e do saber compartilhado pelos interlocutores, graças à assunção de que o princípio de cooperação está a ser observado ao nível daquilo que o falante quer dizer. Esta informação implicitada pelo locutor e calculada interpretativamente pelo interlocutor é condicionada pela especificidade dos contextos em que emerge.

1. Se A oferece café a B e B responde que o café lhe tira o sono, B implicita conversacionalmente que não quer café, num contexto em que é claro para ambos que B não está interessado em manter-se acordado. Aparentemente, o falante B infringe a Máxima da Relevância, uma vez que não responde directamente à oferta de A. No entanto, dado que A assume que B observa o princípio de cooperação, A é levado a considerar que o seu interlocutor só infringiu a máxima conversacional ao nível do que disse, mas que está a respeitá-la ao nível do que quis dizer. Assim, A procura reconstituir a intenção comunicativa de B, de modo a repor a racionalidade do acto comunicativo, num quadro de interacção cooperativa.
2. A, num compartimento com as janelas abertas: - Está muito frio aqui!
O enunciado de A pode facilmente ser entendido como um pedido para fechar as janelas. Neste sentido, aquilo que A comunica, por implicatura conversacional, não se esgota naquilo que A diz, de forma literal e convencional. (ver também acto ilocutório indirecto).

Texto extraído da TLEBS (Base de dados)

SolTopo

1.

2.

3. Só pode a frase (9).

4.

5.