TLEBS B4. Sintaxe B.4.3.4 Modificador do grupo verbal |
Tópico: Modificador do grupo verbal (Modificadores - 40 intervenções) |
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A discussão centrou-se principalmente nos modificadores do grupo verbal. Assim, é exclusivamente sobre este tipo de “modificação” que incide o resumo que tem por base a síntese realizada por Assunção Caldeira Cabral. |
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Resumo da reflexão/discussão: 1. O termo “modificador” inscreve-se, na TLEBS, no sub-domínio da Sintaxe. Designa uma função sintáctica, isto é, «tem a ver com as ligações internas que prendem umas às outras as diversas palavras da frase». Quer os grupos preposicionais quer os adverbiais estabelecem com o núcleo verbal do Predicado diferentes tipos de dependência estrutural e lexical. 2. Ao construir uma frase com um Predicado Verbal, o Verbo que escolhermos, enquanto unidade lexical, traz indissociavelmente associados o número e natureza dos argumentos que têm de ser sintacticamente realizados. Porque lhe são inerentes, fazem parte intrínseca da estrutura argumental dominada pelo Verbo. A estrutura argumental do verbo inscreve-se, na TLEBS, no sub-domínio da Semântica frásica. É através do verbo com a sua estrutura argumental que se realiza a predicação. (i) No Inverno anoitece cedo (estrutura argumental sem argumentos externos ou internos); (ii) Esta noite, o Pedro acordou com um pesadelo (estrutura argumental apenas com um argumento externo(o Pedro)); (iii) A Maria venceu este ano as olimpíadas de matemática em Londres (estrutura argumental constituída por um argumento externo (a Maria) e um interno (as olimpíadas de matemática); (iv) A Teresa levou a carta ao pai (estrutura argumental constituída por um argumento externo (a Teresa) e dois internos (a carta; ao pai); (v) Ontem, o João convidou a Maria para a festa (estrutura argumental constituída por um argumento externo (o João) e dois internos (a Maria; para a festa). Nesta lista de exemplos, apenas em (iv) e (v) um dos argumentos internos se realiza sintacticamente por meio de um grupo preposicional mas muitos outros V. o exigem. É o caso, p.ex., de V. como SAIR( ela não quer sair de casa ); PARTIR (eles partem para Angola amanhã); IR( fui hoje a Lisboa ; vou ali e já venho); CHEGAR (ela acabou de chegar do supermercado ); GOSTAR( ela não gosta de morangos com açúcar ); CONTACTAR (eles não contactam muito com os vizinhos ) … 3. A tradição gramatical habituou-nos a designar algumas destas expressões como complementos circunstanciais, distinguindo os seus diferentes valores nocionais: lugar, modo, tempo, companhia, matéria, …. O que a tradição gramatical não fazia era a distinção entre os complementos que são argumentos internos do item lexical usado como Predicado Verbal, de realização sintáctica obrigatória e os complementos que apenas contribuem para a interpretação situacional, de realização sintáctica opcional. (i) Moro em Lisboa (o grupo preposicional em Lisboa é argumento interno, é exigência semântica do V. MORAR, com resposta sintáctica) (ii) Ontem almocei em Lisboa (o grupo preposicional em Lisboa não é a resposta sintáctica a uma exigência semântica do V.ALMOÇAR. É mais um dado para a interpretação da situação. Não faz parte da estrutura argumental. É neste sentido que se utiliza a designação de Modificador do Grupo Verbal. Ao usarmos esta função sintáctica não temos de pôr de parte as distinções nocionais dos chamados “complementos circunstanciais”, em Lisboa pode ser classificado como Modificador do grupo verbal com valor de lugar. 4. Para decidir se determinada expressão é Complemento ou Modificador, temos de verificar quais os elementos que dependem estruturalmente do item lexical que constitui o verbo e que têm realização sintáctica obrigatória e quais os que não dependem, concorrendo apenas para a interpretação situacional. Em conclusão: todas as realizações linguísticas que ocupem posições não exigidas pela estrutura interna do grupo verbal desempenham a função sintáctica de modificador desse grupo verbal. |
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