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OLIVEIRA, Fátima (2003).“Modalidade e modo” in MATEUS et al, Gramática da Língua Portuguesa. 5ª edição revista e aumentada. Lisboa: Caminho (pp. 245-247). |
9.1. Modalidade Delimitar o conceito de modalidade depende em grande medida da concepção lógica (filosófica ou matemática) ou linguística que se escolher (1). As modalidades clássicas são acerca da própria noção de verdade (aléticas), mas muitos outros tipos de modalidade podem ser considerados, como por exemplo, epistémicas, relacionadas com conhecimento e crença, temporais, deônticas, relacionadas com obrigação e permissão, bulomaicas, relacionadas com desejo, avaliativas e causais (2). Vejamos alguns exemplos: Algumas destas frases merecem desde já um breve comentário. As frases (1) e (2) com os verbos modais poder e dever respectivamente, têm acessíveis, em cada um dos casos, pelo menos dois significados diferentes. Assim, a primeira frase tanto pode significar que “é possível que a Maria saia”, como “a Maria tem permissão para sair”. A segunda frase apresenta os seguintes significados:
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(1) Esta questão tem sido objecto de análise ao longo dos séculos desde Aristóteles, tendo sido propostos sistemas de formalização no princípio do século xx por C. I. Lewis, aos quais foi atribuída uma sernãntica em meados do mesmo século por Kripke e Hintikka. (voltar) (2) Veja-se a este respeito Rescher (1968: 24-25). (voltar) (3) Note-se que estes advérbios podem modificar qualquer categoria não nominal: veja-se Costa e Costa (2001) e o ponto 11.6 sobre advérbios. Estes adjectisos modais entram em construções completivas como “é possível que / é provável que/é capaz de”. Veja-se também o ponto 15.1. (voltar) (4) ) Veja-se a este respeito o capítulo 6. Há uma longa tradição em considerar o tempo futuro como ramificado, e assim aparentado à modalidade, em virtude de se desconhecer no momento presente qual a situação que vai ter lugar num tempo posterior, havendo portanto várias alternativas. Não se deve, no entanto, confundir uma visão da categoria Tempo com as diferentes realizações que pode ter na língua. Uma coisa é a referência a um tempo futuro, outra é o significado dos tempos gramaticais Futuro Simples e Futuro Composto em português europeu. (voltar) (5) Veja-se, a este respeito, 9.2 sobre o modo. |